Nos últimos dias,países como a China, os Estados Unidos e a Raºssia anunciaram avanços na produção de uma vacina contra o Sars-Cov-2, o tipo de coronavarus que causou, atéo momento, a morte de mais de 16 mil pessoas no mundo. Na corrida contra a pandemia, testes clínicos em humanos já começam em territa³rio estadunidense e nopaís chinaªs, enquanto a Raºssia deu inicio aos testes em animais.
A conclusão desse manãtodo de imunização contra o varus, conforme a professora do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, Clarice Arns, devera¡ ainda demorar alguns meses, devido aos cuidados necessa¡rios para garantir a efetividade e segurança do processo. Assim, para a pesquisadora, éfundamental que a comunidade de pesquisadores também dedique esforços ao estudo dos antivirais.
Renan Garcia
Perspectivas de desenvolvimento de vacinas são positivas, para a professora Clarice Arns
“Qualquer vacina demora, porque vocêtem que ver se ela consegue mesmo causar uma proteção. Em menos que meio ano éimpossível obtaª-laâ€, observa Clarice, que atua no departamento de Virologia Animal do IB e estuda outros tipos de coronavarus que afetam animais, como aqueles presentes em morcegos e aves. No entanto, para a professora, as perspectivas são positivas e, tendo as pesquisas para o desenvolvimento de vacinas comea§ado no inicio de 2020, ela acredita que atéo meio do ano serápossível obter resultados satisfata³rios.
Mas quais são as etapas necessa¡rias para a produção da imunização contra o Sars-Cov2? “Os passos são esses: nostemos que ter o varus isolado, e aa ele vai sendo replicado e multiplicado in vitro, em garrafas de culturas de células, ou em ovos embrionados de galinha, que funcionam como meio de cultivo. Nesses ovos embrionados são inoculados os varus, e se retira o material para poder, então, fazer a vacinaâ€, diz Clarice.
No caso do coronavarus, aponta, já existem várias vacinas no mercado para animais, mas que não podem ser utilizadas em humanos, na medida em que os varus que agem sobre cada espanãcie são diferentes, apesar de serem da mesma famalia. Ou seja, o coronavarus que ataca os animais não éo mesmo que atinge os humanos. Portanto, a imunização para cada tipo de microrganismo deve obedecer um estudo especafico, e não ira¡ funcionar de forma generalizada em todas as espanãcies.
Aumentar o foco sobre os antivirais
Outro ponto destacado pela professora éque, no momento, tão importante quanto a pesquisa em torno das vacinas, éo estudo dos antivirais. “Já existe alguns lugares, como Alemanha, Estados Unidos, Frana§a, Israel e China que estãofazendo as vacinas. Na minha visão, éuma perspectiva positiva, mas, nesse episãodio atual, nostemos que focar mais nos antiviraisâ€.Â
Os antivirais, diferentemente da vacina, não atuam na prevenção, mas no combate direto ao microrganismo que causa a Covid-19, nome da doença que o novo coronavarus gera nos humanos. “O que se estãofazendo hoje no mundo? Se estãotestando tudo que existe de fa¡rmacos, antivirais ou não antivirais, para ver se ele écapaz de inativar o varus. Isso éra¡pido, porque vocêvai testando, em laboratório, esses fa¡rmacos já testados e aprovados [para outras doena§as]â€, explica Clarice.Â
Renan Garcia
Comea§ar antiviral do zero demora tanto quanto vacina, mas testar fa¡rmacos
disponíveis éuma opção mais a¡gil
Nesse sentido, algumas perspectivas otimistas já foram apontadas por pesquisadores em relação ao fa¡rmaco utilizado no combate a mala¡ria. Ainda em estudo, o medicamento se mostrou eficaz em casos estudados na Universidade de Stanford. No entanto, por ainda estar em fase de testes, não hánenhum protocolo seguro associado ao seu uso. O ideal seria o desenvolvimento especafico para o caso do coronavarus. Mas, da mesma forma que no desenvolvimento da vacina, isso demandara¡ mais tempo.
“Comea§ar do zero um antiviral demora bastante tempo, pois étodo um processo mais ou menos parecido com o da vacina. Vocaª testa ele primeiro in vitro, no laboratório, depois em animais para ver se não éta³xico e depois disso tudo em humanosâ€, pontua a professora, para quem ainda existe muito potencial em estudar os fa¡rmacos já existentes.
Apesar das dificuldades e da crise em torno da pandemia, háuma rede de pesquisadores dedicados incessantemente a trazer respostas eficazes a sociedade. Para Clarice, que coordenou a Rede Zika da Unicamp entre 2016 e 2017, este éum esfora§o fundamental. Assim como na epidemia causada pelo zikavarus, na anãpoca, a ciência e a colaboração entre os cientistas, aponta, mostram-se como um dos caminhos para a superação da doena§a.